terça-feira, 31 de julho de 2007

TIJOLO ECOLÓGICO

Em um descampado de um dos bairros mais pobres de Uberlândia, em Minas Gerais, voluntários ensinam os segredos de uma construção compatível com a renda dos moradores do lugar: o tijolo ecológico. Para cada seis latas de terra coloca-se duas de areia, uma de cimento e água até chegar ao ponto ideal para triturar a mistura. Da máquina de prensar todos os dias saem 800 tijolos que secam na sombra em vez de serem levados para o forno.

"São duas vantagens principais: a não retirada do cerrado para a geração da lenha que vai nos fornos e a argila, que normalmente é retirada do fundo do vale e próximo dos córregos, é tirada da superfície em áreas de colina o que evita a degradação dos vales" explicou o ambialista Sílvio Alves.

Além de não agredir o meio ambiente, é uma técnica que faz a obra ficar mais barata. "Na hora da montagem da casa não se usa reboco, o tijolo é colado um no outro. Não é necessária a pintura da casa, só um verniz" explicou o coordenador do programa Flávio Oliveira.

Para não gastar nem com mão-de-obra, os moradores fazem mutirão na hora de construir as casas nos terrenos doados pela prefeitura. O servente de pedreiro Luiz Silva, que ajudou Maurício, recebe a retribuição pela generosidade.

"É uma sensação muito boa de ter uma moradia da gente e a gente fica feliz. Uma mão lava a outra e um ajudando o outro é melhor" falou o Luiz.

Em um barraco de madeira e de um cômodo só há três anos mora uma família. Dois meses atrás marido e mulher iniciaram uma obra em frente à moradia improvisada. Sozinhos eles fizeram e assentaram todos os tijolos ecológicos. Hoje, falta apenas o telhado para mudarem de casa.

Servente de pedreiro, Darly Bernardes ganha R$ 240,00 por mês e não vê a hora de pôr os dois filhos e a mulher debaixo do novo teto. "Se fosse para a gente só mesmo poder lutar, poderia ser bem difícil para a gente poder estar passando para dentro do que é da gente, das nossas próprias casas" falou.

Noves casas já foram construídas. A dona Antônia foi uma das primeiras beneficiadas. "Quando chove a gente ficava com medo do barraco cair e molhava tudo. Na casa fica mais seguro" disse.

Aos poucos, a vila vai ganhando cara de bairro e ruas de nomes sugestivos.

Esse projeto, todo elaborado por voluntários, foi testado e recebeu o aval da Universidade Federal de Uberlândia. As casas de 42 metros quadrados custariam em torno de R$ 10 mil se fossem feitas pelo método tradicional. Usando o tijolinho ecológico, o custo baixa para seis mil reais.

Fonte: Rede Globo
Data: 24/05/2004

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COMENTÁRIOS DO JOÃO PAULO
É cada vez mais nítido para a gente que com boa vontade, criatividade e esforço podemos melhorar a qualidade de vida de vilas, favelas e bairros carentes.
Sou totalmente a favor de que esse projeto seja implantado nas comunidades carentes de Belo Horizonte. Programas e projetos que tragam melhoria na qualidade de vida das comunidades devem sempre ser incentivados. Existe mão-de-obra, tecnologia, locais para implantação, e recursos financeiros. Fico me perguntando o que falta então para vermos esses programas serem implementados.
Espero que em breve mais e mais tecnologias acessíveis sejam descobertas e que os responsáveis pela sua implantação no município tomem as medidas cabíveis.
No período das chuvas vários aparecem para criticar e falar das condições de moradia das vilas, favelas e bairros carentes. Mas medidas, ações e projetos são poucos ainda.
Vamos agir...


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