Hora de treinar o que se aprendeu na escola. Depois da aula, a turma recebe reforço escolar na associação dos moradores do bairro Padre Andrade, na periferia de Fortaleza.
"É bom porque a gente aprende mais. A gente não fica na rua" – disse Luciana Guedes, de dez anos.
A sede é simples e pequena, mas há espaço para cem crianças e adolescentes que têm direito a lanches e oficinas de reciclagem. No lugar, garrafas de plástico ganham novas formas. "É mais para brincadeira. A gente começa junto, ai termina, vê quem é o vencedor e se diverte" – falou Luciano Inácio, de 14 anos.
A brincadeira das crianças vira trabalho para 13 adultos voluntários. A maioria, pais desempregados, aproveita para ajudar e aprender. "Emprego em firma está muito difícil e tudo que a gente aprende um pouquinho, em casa dá para ganhar um dinheirinho" – falou a dona-de-casa Salete Silva Marques.
A cada 12 garrafas picotadas surge uma vassoura nova. No início, a idéia era para dar ocupação a alunos e pais e conscientizá-los sobre a importância da reciclagem. Mas em pouco tempo o resultado surpreendeu. Todas as vassouras feitas na oficina são vendidas rapidamente. O jeito foi aumentar a produção. Agora, é a máquina que faz o corte do plástico.
A tecnologia diminuiu o trabalho de seu Roberto Nunes da Costa. É só girar que a lâmina corta. "Cortamos mais de cem ou 200 garrafas em uma hora, talvez. Antes, cortava-se 24 garrafas em quase meio dia" – comparou Nunes da Costa.
O próximo passo é enrolar as tiras. Depois, elas vão para o forno ganhar resistência. É feito um corte e elas viram cerdas. Então, é só montar.
As vassouras com novo design custam R$ 3,00. O dinheiro da venda ajuda a manter a associação. Além de vassouras, hoje eles fabricam escovas e bolsas de praia.
Tudo é feito de garrafas plásticas. "Agora a gente sabe que nem tudo que é descartável se desperdiça” – concluiu Salete.
Fonte: Rede Globo
Data: 13/05/2004
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