segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Protesto reúne 150 pessoas em BH

Protesto reúne 150 pessoas em BH
Manifestantes distribuíram folhetos com fotos dos vereadores que votaram à favor da construção da rodoviária no Calafate
MARINA SCHETTINI


"Você pagou com traição a quem sempre te deu a mão". O samba de Beth Carvalho embalou uma manifestação realizada ontem na praça dos Esportes, no Coração Eucarístico, região Noroeste da cidade. A população local é contra a transferência da rodoviária de Belo Horizonte do hipercentro para o bairro Calafate, na região Oeste. Foram mais de duas horas de movimentação popular, com carro de som, cartazes e discursos inflamados de moradores e representantes de associações de bairros da região. O alvo principal da manifestação - os vereadores favoráveis à mudança e o prefeito Fernando Pimentel (PT) - tinham seus rostos estampados em panfletos com o título "traidores de BH".
A dona de casa Maria José Cruz Tente, de 53 anos, mora no bairro João Pinheiro, Noroeste da cidade, e participou da manifestação. "Não quero essa rodoviária aqui. Traz muita confusão e o trânsito fica ruim", disse. "Eles (vereadores que votaram a favor da transferência) estão querendo o que o povo não quer. É claro que não vou votar neles. E, se o povo não quer, o prefeito não deveria fazer", acrescentou a dona de casa.
O trânsito é a maior preocupação do servidor público federal, Manuel Pereira, de 43 anos, que mora no bairro Minas Brasil, região Noroeste. Para ele, a construção de uma nova rodoviária vai apenas transferir o problema de lugar. "Isso vai ser um caos. O nosso trânsito aqui já é estrangulado. Temos a PUC, aqui é saída para Contagem. Se lá no hipercentro está ruim, eles só vão transferir o problema para cá", afirmou Pereira.
Durante o encontro, os organizadores do evento circularam um abaixo assinado. A dona de casa Cristina Leite, de 50 anos, tentou - mas não conseguiu - assinar duas vezes o documento, para garantir que seria ouvida. "O nosso trânsito não comporta mais carros e esse é só um dos problemas. No dia que tem vestibular da PUC aqui você não consegue chegar em casa", argumentou a dona de casa.

Representação
"Estamos aqui com o propósito de representar o povo, que não quer a rodoviária, e pedir aos sete vereadores que votaram contra no primeiro turno (o Projeto de Lei nº 1.508/07), que continuem com essa postura e os outros que mudem. O prefeito tem que fazer o que o povo quer. Nós vamos divulgar os nomes de quem trair o povo", afirmou o presidente da associação SOS Bairros, Guilherme Nunes.
"Queremos é mostrar o rosto daqueles que não votaram com a população", acrescentou o presidente da Associação Vila Calafate e Amizade, Elton Moura. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 150 pessoas participaram do encontro. Apenas três dos 41 vereadores estiveram presentes: Hugo Thomé (PMN), Antônio Pinheiro (PSDB) e Anselmo Domingos (PTC).

Terminais menores são apontados como solução
Como protestar somente não traz soluções, os manifestantes contrários à transferência da rodoviária de Belo Horizonte do hipercentro para o bairro Calafate, na região Oeste da cidade, discutiram ontem soluções para o impasse. A primeira e mais bem aceita alternativa entre os presentes é a criação de terminais rodoviários menores em pelo menos dois pontos da cidade para atender as pessoas que vêm ou vão para diferentes regiões do Estado e do país.
“O ideal seria que tivéssemos três terminais pela cidade para atender a população que vem das diversas partes do Brasil. Uma no bairro São Gabriel, uma perto do BH Shopping e outra em uma terceira região da cidade, que ainda precisaria ser estudada”, sugeriu o vereador Antônio Pinheiro (PSDB), um dos três parlamentares presentes ontem à manifestação.
“A construção de diversas rodoviárias no entorno do Anel Rodoviário é mais viável que trazer para o Calafate”, afirmou o morador do bairro Nova Suíça, na região Oeste da capital, Ricardo Campos, que é também um dos coordenadores do movimento contrário ao projeto que tramita na Câmara de Belo Horizonte.
Camargos
O analista de sistemas, Alberto Wagner, que é morador do bairro Prado, região Oeste, acredita que a melhor solução é a construção da rodoviária no bairro Camargos, na confluência da Via Expressa com o Anel Rodoviário. “Existem outras soluções melhores também, como no bairro São Paulo onde há um terreno bom, que está vazio há quase um ano”, disse o analista de sistemas. (MS)
Publicado em: 21/01/2008

Fonte: Jornal O Tempo

Vereador de BH sofre segunda condenação por fraude eleitoral


Valdivino Pereira recebe nova condenação, três meses depois de ser sentenciado a cinco anos por apresentar diploma falso para concorrer a vaga na Câmara de Belo Horizonte


Em menos de três meses, o vereador de Belo Horizonte Valdivino Pereira (PSDC) foi condenado duas vezes a penas de detenção pela Justiça Eleitoral. Na semana, passada ele foi condenado a seis meses de detenção, pena transformada pela juíza Denise Pinho da Costa Val em prestação de serviços à comunidade e pagamento de multa, no valor de R$ 2.850. O motivo foi o descumprimento de uma determinação da Justiça Eleitoral para a retirada de propaganda irregular no Centro de BH, durante as eleições de 2006, quando o vereador tentou uma vaga na Assembléia legislativa pelo PTC.

Ano passado, em 8 de dezembro, ele foi condenado pelo juiz Marcílio Eustáquio dos Santos a cinco anos de prisão em regime semi-aberto e pagamento de multa no valor de R$ 3,4 mil. O motivo foi a apresentação de um diploma falso de conclusão do segundo grau nas eleições de 2004, quando se elegeu vereador. A denúncia na época foi feita pelo Ministério Público Eleitoral e investigada pela Polícia Federal. O vereador foi procurado pela reportagem em seu gabinete e também no celular, mas não foi localizado para comentar as condenações. Um dos seus advogados, Felipe Martins Pinto, disse que o vereador discorda das duas condenações e vai recorrer para reverter as decisões.

Segundo ele, a propaganda considerada irregular pela Justiça foi retirada dentro do prazo estabelecido. “Ele retirou as placas assim que foi notificado pela Justiça Eleitoral. Há inclusive testemunhas disso. Desconhecemos a razão dessa condenação e vamos recorrer”, garante o advogado. Valdivino tem cinco dias para apresentar recurso, a partir da data da notificação da decisão, o que ainda não ocorreu.

No outro processo já houve recurso. O advogado admite que o diploma apresentado é falso, mas garante que o vereador não sabia que ele fazia parte de seu processo de cadastramento para disputar uma eleição, pré-requisito para todos os candidatos. Segundo ele, quem reuniu os documentos não foi o vereador. O nome do responsável pela apresentação desse documento não foi revelado. O advogado afirma que Valdivino cursou até a oitava série (ensino fundamental) em São Sebastião do Maranhão, no Vale do Rio Doce.

De acordo com a Justiça Eleitoral, os candidatos não precisam apresentar comprovante de escolaridade para registrar suas candidaturas. Para concorrer, basta que sejam alfabetizados, não sendo necessário ter o segundo grau completo. Esta não foi a primeira vez que o vereador teve problemas com a Justiça Eleitoral. Em 1º de outubro de 2006, data do primeiro turno das eleições, o vereador foi detido na escola Municipal Adauto Luz Cardoso, no bairro Céu Azul, região Norte de Belo Horizonte, fazendo boca-de-urna.